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Goethe

Com base no meu processo de pesquisa e experimentação com minérios e pigmentos, na composição e na modificação dos mesmos pela exposição ao sol e calor, mas num momento em que faltava-me a vontade do fazer e impulsionar o criar, como consequência de um período pandêmico em que percebi que o mundo se mostrava mais cinza, fui levado à observação detalhada dos movimentos que irradiavam a cor cinza, o que me levou à pesquisa desta cor. Despertando-me a experimentar e compreender melhor a teoria proposta por Goethe.

 

Goethe propunha o cinza como a base de constituição de todas as cores, lastreado em experimentos que realizou analisando de diferentes formas a irradiação da luz do sol e percebendo diferentes tonalidades de cinza. Percebi aí um ponto comum ao meu processo de trabalho com a irradiação da luz solar.

 

Inspirado pelos experimentos de Goethe, e após criar diversos tons cinzas em processos de estudo, e partindo do princípio de que o cinza é percebido normalmente com conotações negativas no aspecto psicológico, além de ser utilizado demasiadamente em nosso cotidiano, percebemos algum sentido na teoria de Goethe ao trabalhar as questões de harmonização em torno do cinza. Portanto, propus uma experimentação com 7 obras de predominância cinza e em contraste com outras 7 cores — vermelho, azul, verde, violeta, amarelo, laranja e branco — utilizando meu processo de minérios e suas transformações de trincas que se formam pela irradiação solar dando origem a outra cor que contrapõe o cinza, de forma sutil ou intensa mediante a temperatura climática do momento da secagem até a finalização do trabalho, para perceber a valorização harmônica do cinza, que, sabemos, é utilizado demasiadamente no cotidiano da vida urbana, pois a força da complementação com outras cores e neutralidade do cinza, tanto como cor quanto como forma, pode superar qualquer estigma psicológico.

Fábio Benetti

OBRAS 2015
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