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A VERVE E OS ​ÁTOMOS

Partindo ainda da premissa de que o acaso, para Benetti, é determi-nante em todas as emoções e ações cotidianas, os sentimentos humanos configuram-se, inevitavelmente, como instáveis. Não há calmaria, constância ou inércia perante a inquietude agonizada de seus traços. É, sobretudo, por meio dessa percepção volúvel e incalculada da vida que o interesse do artista escora-se à magia mais fascinante que rege a matéria: a física quântica. O engajamento nesse e outros estudos que se propõem a explorar os mistérios da existência acabaram por se tornar influências notórias em suas telas, tornando possível estruturar outro paralelo ao expressionismo de seus traços: ora parecem apartar-se como átomos de cargas semelhantes, ora parecem, fatidicamente, atrair-se como partículas de cargas opostas. Múltiplas camadas de tintas, durante o processo da gênese, são ainda construídas e destruídas, escavando-as afoitamente de um lado da tela para logo depois alocá-las em outro.  A vida, tal como as micropartículas, obedece a um fluxo imprevisível, de onde as pinceladas deste pintor se nutrem em um anseio, a qualquer custo, por sua captura através do mergulho na correnteza aleatória de cores que aspira tão somente fazer-se perder no infinito.

OBRAS 2015
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